domingo, 2 de outubro de 2011

"Visit" (Dalaw, 2010)

Tenho de admirar um filme que usa e abusa de visco/ranhoca/nhanha/gosma azul e pretende ser levado a sério. É fofinho. E tenho absolutamente de louvar um produto cinematográfico que dá emprego a um belo naco de homem e o junta a uma mulher bonitinha mas vulgar. Faz-me pensar que afinal as mulheres reais até têm alguma hipótese (a isto chama-se aparte).
A qualidade de "Visit" é fraca, fraquinha mas só pelos dois pormenores acima mencionados, esta apreciação não será demolidora na totalidade. "Visit" é protagonizado por Kris Aquino filha da ex-presidente filipina, Corazon Aquino e irmã do actual presidente Benigno. Querem cunhas melhores que estas? Cof cof. Estava a brincar. De certeza que é pelas suas enormes qualidades dramáticas que Kris foi seleccionada para o papel principal em "Visit"... Seja como for, Kris é cotada como a rainha do terror filipino ou não tivesse ela protagonizado "Feng Shui" (2004) e Sukob" (2006), dois dos maiores êxitos do cinema de terror de sempre nas bilheteiras filipinas. Kris Aquino é tão-somente genérica: uma careta para aqui, um grito para ali e pouco mais. Já vai pior, não afugenta. Melhor, só mesmo Diether Ocampo. As suas capacidades de representação só têm um grande defeito: não o vi em tronco nu! Vá, num registo mais sério, o seu personagem Anton é sofrível.
"Visit" segue a história de Stella (Kris Aquino), uma viúva com um filho que decide casar três anos decorridos da morte do marido. Vítima de violência doméstica às mãos do marido Danilo, Stella ainda se culpabiliza pela sua morte acidental. No entanto, deseja dar um pai ao seu filho Paolo (Maliksi Morales) e a estabilidade que ele merece. Stella reencontra na velha paixão Anton (Diether Ocampo), a quem abandonou por pressão dos pais para desposar Danilo, um novo recomeço. Contra os seus próprios receios e os conselhos da sua prima metediça Trina (Alessandra de Rossi), Stella prossegue com o casamento. A partir desse momento, uma força que parecia aguardar na sombra surge para a assombrar e aos que mais ama.
Esta sinopse até podia ser interessante mas a concretização é no mínimo dúbia. Nem os encantos de Anton, nem todo o esforço de Kris em representar chegam para compensar as falhas no argumento. Os erros de continuidade, os sustos fáceis do género "ai que este guarda-fatos está assombrado" e a história que é tão prevísivel que ao fim de 15 minutos já desvendámos o mistério não ajudam. Com alguns bons actores como é o caso da Alessandra de Rossi que já vimos em "The Maid" (2005) e Susan Africa que interpreta uma mulher vítima de uma trombose de modo bastante razoável, as falhas tornam-se demasiado óbvias. Custa-me dizer isto mas fosse o elenco igualmente medíocre e mal daríamos pelos problemas do argumento. Por exemplo, Gina Pareño que interpreta a habitual mulher com um sexto sentido e que é uma verdadeira enciclopédia sobre como lidar com fantasmas, é o caso clássico de não se perceber se está ali para fornecer o alívio cómico ou para imprimir um tom dramático à película. Com cenas de terror involuntariamente cómicas e outras de extremo drama, "Visit" é mais uma oportunidade desperdiçada, de um argumento que nunca soube o que queria ser, actores que não sabiam o que fazer com o material que lhes foi dado e uma direcção provavelmente tão confusa quanto eles. "Visit" é mais do mesmo e mais do mesmo mal feito. Uma desilusão. Meia estrela.

Realização: Dondon S. Santos
Argumento: Joel Mercado, Enrico Santos, Jerry Lopez Sineneng, Lawrence Nicodemus e John Paul Abellera
Elenco:
Kris Aquino como Stella
Diether Ocampo como Anton
Gina Pareño como Oga
Maliksi Morales como Paolo
Susan Africa como Milagros
Alessandra de Rossi como Trina
Karylle Padilla como Lorna

Próximo Filme: "Julia's Eyes" (Los Ojos de Julia, 2010)

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