quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Ichi the killer" (Koroshiya 1, 2001)


ATENÇÃO: Cenas de violência extrema!

É degradante. É extremo. É ofensivo. É do Takashi Miike. Nada de novo. Não obstante ser uma adaptação de uma mangá “Ichi the Killer” respira Miike por todos os poros. É o tipo de filme com o qual as crianças mais destemidas só deixarão de ter pesadelos quando estiverem bem na adolescência e os velhotes por pouco não terão uma síncope. Sim. É esse tipo de filme. Como tal e, numa manobra de marketing cinematográfico arriscadíssima, desafio-os a continuar a ler esta apreciação ou passarem rapidamente para a seguinte. A partir deste momento estão por vossa conta e risco. Coragem!


No seio da yakuza Kakihara (Tadanobu Asano), um assassino sadomasoquista, vulgo psicopata empedernido descobre que o patrão sumiu. Desapareceu. Desvaneceu-se no ar. Puff. Enquanto os restantes membros da “família” pensam que Anjo fez um desfalque e fugiu, Kakihara está convencido que “alguém o fez desaparecer”. Isso é um bocado mau por que um Kakihara insatisfeito é um homem extremamente perigoso. E ainda mais que o costume já que desapareceu o único homem que o fazia sofrer fisicamente como deve ser. Ele retira prazer da dor e Anjo é o único que lha sabe dar. Jijii (Shyn’ia Tsukamoto) surge na paisagem e acusa Suzuki de ser o autor do crime. Kakihara pode ser fiel como um cão mas não é propriamente inteligente. Então… Pobre Suzuki. O que Kakihara lhe faz, até que é finalmente convencido que Suzuki não tem nada a ver com o acaso. Não interessa. Foi divertido. Aliás, a nova pista é bem mais interessante. Diz que Anjo foi atacado por um tal de Ichi (Nao Ohmori), um temível assassino, sádico como nunca se viu antes. Kakihara vê vermelho… de alegria. É este o fado de quem se deixa agarrar por “Ichi” até ao fim. Assassinatos, tortura, violação, tudo no registo mais violento que possam imaginar. É que “Ichi” é terrivelmente gráfico. Bem, depende. Se são fãs de gore estão perante um excelente filme. Sangue, tripas, desmembramentos, sangue a esguichar por todos os lados, muito sofrimento do ser humano. Se não, como já disse antes, o melhor é verem um filme sobre uma casa assombrada ou assim. Não existe uma única personagem equilibrada neste universo. Uma única que se aproveite. Chanfrados ao extremo ou uns pobres coitados cujas acções mais depressa nos fazem detestá-los do que apiedarmo-nos deles.

No centro da trama encontra-se Kakihara, alguém que rezamos a todos os santinhos para que não exista na vida real. É um sadomasoquista assumido que se não fosse assassino teria de ser um talhante ou caçador. Sei lá. Aquilo só está feliz quando o mal está a ser praticado. E não é de falinhas mansas. Não há cá execuções com tiros para ninguém. Para ele, o acto de matar é como um consumar do acto sexual. Também não se percebe como ele se tornou perverso mas até os próprios subordinados têm medo dele. Dificilmente, alguém voluntaria para deixar Kakihara encostar a cabeça no seu ombro e contar-lhe todos os seus traumas. No espectro oposto encontra-se Ichi, um cobarde e um medroso, que foi atacado por rufias em miúdo e agora, na vida adulta, não se sabe defender. As mazelas de infância e um manipulador nato ajudam a torná-lo um assassino nato. No entanto, ele não sabe controlar os seus desejos, bem retorcidos por sinal, que o fazem ficar com uma erecção de cada vez que vê alguém a ser violentado, em particular, as raparigas por quem se sente excitado mas nunca sonharia satisfazer. E é assim, esta orgia de violência e sexo que faz desencadear uma série de actos inimagináveis e repugnantes. A estória tem algo muito vago que se assemelha a um fio condutor e apenas se aproveitam os personagens, sobretudo os dois antagonistas, saídos quase a papel químico de livros de psicologia, já que devem apresentar um pouco de todos os transtornos de personalidade existentes. Assistir a “Ichi the Killer” é saber que vamos assistir a uma viagem louca, na maioria das vezes desagradável. Então porquê ver? Talvez algum desejo voyeur qualquer de se ver como é a vida do outro lado? Vocês sabem que o têm... Duas estrelas e meia.


Realização: Takashi Miike
Argumento: Hideo Yamamoto e Sakichi Satô
Tadanobu Asano como Kakihara
Nao Ohmori como Ichi
Shyn’ia Tsukamoto como Jjii
Paulyn Sun como Karen
Suzuki Matsuo como Jirô / Saburô

Próximo Filme: Curta #1: "Unholy Women - Rattle Rattle" (Katakata, 2006)

3 comentários:

  1. Eu gosto muito. O Kakihara é uma personagem do caraças, aquele expelir de fumo de tabaco pelas bochechas tem tanta pinta. Já o Ichi é um otário.

    Filme completamente hardcore, claro, quem não gosta de violência gráfica vai odiá-lo. E nunca um título de um filme foi apresentado de forma tão...original? :S

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  2. Er... Dizem os rumores que Miike pediu ao Shynia Tsukamoto e a mais três outros actores para contribuirem para o título. :s

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  3. Acho este filme francamente mal escrito, mas que tem um efeito do caraças, isso tem. Muito negro, adoro o ambiente, mas a história é fraquinha, a verdade é essa. É famoso, sim, mas o Miike tem filmes melhores.

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