domingo, 8 de julho de 2012

"The Raid - Redemption" (Serbuan Maut), 2011

Querem conhecer a estrela do cinema de acção da próxima década? Não precisam procurar mais longe que na Indonésia. O realizador galês Gareth Evans apresenta Iko Uwais. Giro? Um rapaz normal diria. Excelente actor? Isso ainda está por se ver. Intenso Carisma? Nem por isso. Mas ai se ele sabe lutar… Ele domina o contacto físico como poucos. Bem, o Yayan Ruhian, ou “Mad Dog” em “The Raid - Redemption” é melhor lutador e mais espectacular só que a natureza não foi simpática para com o senhor. Ele não é abonado em termos de beleza e de altura. Mas também não é o tipo de pessoa que gostaria que lesse este último comentário. Digamos que as suas capacidades atléticas impõem respeito e este não é um individuo que se deseje ver chateado… “The Raid – Redemption”, é o epitome máximo da expressão: “location, location, location”! Recordam-se da saga “Diehard”, na qual um Bruce Willis, ainda jovem, domina cenários desde um arranha-céus a um aeroporto? Lembram-se do negrume que escondia uma entidade do outro mundo, na nave Nostromo em Alien? Ou talvez estejam familiarizados com a gruta, imprópria para quem tem medo do escurso em “The Descent”. Gareth Evans fez o trabalho de casa e demonstra uma das invasões mais brutais e, porventura, mais espectaculares na história do cinema. Notem que esta é a segunda afirmação ousada que faço na sequência de um só filme! Interessados?
Vinte polícias de elite dão chamados a cumprir missão complicada: capturar e prender um senhor do crime da sua fortaleza criminosa, um edifício de 30 andares, a partir do qual opera as suas operações criminosas e que se encontra guardado por centenas de bandidos dispostos a lutar pelo seu quinhão. A eficácia da missão policial depende da velocidade e descrição mas com olhos vigilantes em cada esquina, tal revela-se impossível. Os polícias vêem-se apanhados numa emboscada e, alerta cliché: o caçador torna-se a presa. Para escapar com vida terão de deixar atrás de si um rasto de corpos. Daí resultam quase 100 minutos de acção ininterrupta, nua e crua. A arte marcial silat, na sua essência, um mecanismo de auto-defesa, é brutal e há que reconhecer o trabalho irrepreensível dos duplos. Por vezes, torna-se difícil não imaginar que eles se terão magoado a sério. Ser atingido por cadeiras, arrastado com um trapo e projectado contra móveis e tijolos não é para qualquer um. E quando não há materiais de arremesso, os personagens são amplamente armados com pistolas, espingardas, metralhadoras e catanas! “The Raid – Redemption”, assegura uma fonte inesgotável de cenas de ameaça à integridade física dos personagens, aos fãs inveterados de artes marciais! E, apesar, da eventual comicidade que o facto de se levar uma dezena de murros e pontapés em zonas sensíveis do corpo e, mesmo assim, os personagens se manterem de pé, podia ter, “The Raid – Redemption”, consegue escapar ao absurdo. Este festim de pancada, não deixa de ter meia de dúzia de papéis bem definidos, por entre as hordas de criminosos com uma motivação que não ultrapassa o desejo de assassinar os invasores. Existe Tama (Ray Sahetapy), o senhor do crime que não admite uma “infestação” na sua casa; Andi (Donny Alamsyah), o braço-direito pragmático, “Mad Dog”(Yayan Ruhian), o psicopata que encontra a maior diversão no confronto corpo-a-corpo, Jaka (Joe Taslim), o jovem comandante que nem por isso deixa de ostentar medo nos olhos; Wahyu (Pierre Gruno), um polícia com uma agenda obscura, o jovem herói numa primeira missão que não pode deixar de regressar a casa para a mulher grávida…
Há uma sensação de perigo iminente enquanto os sobreviventes da guerra que se abateu sobre eles vagueiam pelos corredores. E não é menos claustrofóbico que um filme de terror assumido pois não se sabe o que se esconde por trás de cada porta, ou no contorno de cada esquina.
Ah, já mencionei que a banda-sonora de “The Raid – Redemption” inclui o Mike Shinoda dos Linkin Park? As batidas do seu sintetizador estão perfeitamente ajustadas à acção implacável. Pois, o que resulta menos bem na película? Se a acção está próxima da perfeição houve aspectos mais básicos que escaparam à mesma análise clínica da coreografia. Por exemplo, os polícias parecem bonecos de teste. Para uma equipa de elite, seria de pensar que exercessem maior resistência. Além disso, quem é que, sabendo que há atiradores furtivos se vai colocar à frente de uma janela? Sabendo por fim, das verdadeiras intenções perversas de algumas personagens, quem é que, mesmo assim, coloca a sua confiança e, vida nas suas mãos? São pormenores como este que fazem de “The Raid – Redemption”, apenas um filme muito bom. Mas agora que já detectámos os erros há espaço de manobra para melhorar na sequela. Quatro estrelas.

Realização:  Gareth Evans
Argumento:  Gareth Evans
Iko Uwais como Rama
Joe Taslim como Jaka
Donny Alamsyah  como Andi
Yayan Ruhian como Mad Dog
Ray Sahetapy como Tama
Tegar Satrya como Bowo

Próximo Filme: "Lady Vengeance" (Chinjeolhan geumjassi, 2005)

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