quinta-feira, 6 de junho de 2013

NAFF - Not a Film Festival: Not a Scary Session - Parte 2

Eis que estamos a meio da sessão e eles, os cineastas entram a matar. Desafiam-nos com duelos, tentam-nos a jogar o politicamente correto pela janela e a exercícios de introspecção. Talvez algumas destas curtas nem sejam assustadoras de todo. Umas resultam, outras dão saltos lógicos que desafiam a compreensão - se calhar uma curta-metragem é muito pouco tempo.

“Duel”

Um rapaz, uma rapariga, uma parede e uma lata de spray. Ele é todo ele contestação, ela arde pela paz, amor e todas aquelas causas que a candidatariam, num mundo ideal a santa. Mas como ainda é só beata resta-lhe combater, no mesmo terreno o jovem que guarda tanta agressão dentro dele. E como sabemos tudo isto, se eles não dizem uma única palavra durante os quatro minutos? Diz que o material é bom. Não diria que “Duel” é de um visionário mas é transportável para qualquer sociedade. Três estrelas.

Realização: Philippe Teixeira Tambwe
Duração: 4 minutos


“Brinca com o Fogo”
“A Mãe de César, um adolescente ligado ao activismo político, tem que enfrentar um horrível dilema, quando o filho chega a casa transtornado, vindo de uma manifestação.”
Quem brinca com o fogo queima-se… Ou então tem uma mãe assim, que deixa pecar e absolve. A punição é a possessão de consciência? E se a não tiverem? Seria a intenção desta curta-metragem, a crítica social? E a violência a forma de luta justificada com a anuência de um progenitor? Ou apenas, uma mãe que protege a cria contra tudo e todos, independentemente, deste ter tomado opções erradas? “Brinca com o Fogo” quase que podia ser a antítese de “Duel” que torna a arte a sua arma de arremesso e onde os personagens chamam a si a responsabilidade para os actos que cometem. Em “Brinca com o Fogo” fala-se muito mas o seu significado é mais nevoeiro que outra coisa. Duas estrelas.

Realização: Rui Esperança
Duração: 8 minutos

“De mim”
É “de mim” mas podia ser facilmente denominado “Viagem ao centro do cérebro” do Carlos Melim. A viagem tem tanto de tormento como de fascinante. Carlos Melim é um pensador, um daqueles que mói e remói os acontecimentos de uma vida. As imagens decorrem em sucessão, alternando entre os enquadramentos de uma entidade unívoca mas que nunca é claramente identificável podendo confundir-se com todos os homens e paisagens (posso dizer ofegantes?) – a cinematografia é de todo em todo magnífica. É uma conversa íntima de si para si, enquanto assistimos e nos integramos e convertemos. É um monólogo interior com vista à ascensão a um plano superior. Paz de espírito? Os delírios de Melim podiam ser os nossos. Aí se encontra a força da narrativa. Foi por isso, que enquanto uns encolheram os ombros, outros se arrepiaram. Três estrelas.

Realização: Carlos Melim
Duração: 5 minutos


“Analepsis”
É sempre preocupante quando a técnica é a personagem principal. Analepsis é um recurso que permite contar uma estória de modo não linear. Sublinho o auxiliar a contar uma estória e não substituir-se à mesma. Dois polícias vão no carro, são chamados para uma ocorrência. Uma rapariga é atacada em casa. Os polícias chegam e investigam. Ah e parece que um deles não é parte inocente no evento. Podiam ter um elenco só de clones do Isaac Alfaiate que isso não a iria tornar mais interessante. Incapaz de provocar mais que a indiferença. Curiosamente é a curta que inicia o ciclo de violência sobre a mulher até ao final da sessão. Mesmo que essa violência seja provocada pela própria. Uma estrela e meia.


Realização: Rodrigo Duvens Pinto e Ricardo Mourão
Duração: 5 minutos


PS: A fotografia minha gente. Já viram do que são capazes alguns destes "meninos"?

Próximo Filme: NAFF – Not a Film Festival: Not a Scary Session – Parte 3

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