domingo, 17 de novembro de 2013

"Phone" (Pon, 2002)


Ji-won (Ji-won Ha), uma jornalista destemida tem vindo a receber telefonemas ameaçadores desde que escreveu uma série de artigos baseados na investigação de um caso de pedofilia. O casal Ho-jeong (Yu-mi Kim) e Chang-hoon (Woo-jae Choi) de quem é amiga íntima decidem fazer o papel de bons samaritanos e oferecem-lhe estadia numa das suas casas, onde será difícil aos bandidos encontrá-la. Entretanto, Yeong-ju (Seo-woo Eun), a jovem filha do casal atende o telefone de Ji-won por ocasião de uma das chamadas misteriosas e inicia a demonstrar sinais de possessão. Ji-won é forçada a recorrer à sua mente inquiridora, à medida que os telefonemas se intensificam e a música “Moonlight Sonata” começa a ecoar insistentemente na sua cabeça.

Costuma-se dizer, ou pelo menos foi a informação que me venderam, que o mais difícil em cinema é trabalhar com crianças e animais. Quando uma ideia assim tão louca resulta o produto final pode ser surpreendente. A Aniston e o Owen Wilson que me perdoem mas por algum motivo a película é “Marley e eu” e não os “Grogan e o cão”. Em “Phone”, uma miniatura feminina ainda nem chegada à puberdade rouba o filme das mãos de Ji-won Ha, aquela que é uma das actrizes mais populares da Coreia do sul dos dias de hoje. Deve doer.
E os cineastas não tiveram grandes contemplações para com o “selo” da Disney. A pequena Seo-woo comporta-se como uma adulta sem espaço para subtilezas. Ela irradia ódio, histerismo, sedução, maquiavelismo em doses iguais, brutais. O desempenho faz crer que as emoções que exalta nas cenas com Yu-mi Kim e Woo-jae Choi são mais do que mero fingimento. Ela conhece as emoções com que está a trabalhar, emula mais do que a insinuação e ultrapassa-os em profundidade. É boa demais para uma actriz com menos de dez anos de idade e que praticamente não possui experiência. Quando ela não se encontra a trabalhar o ecrã, “Phone” é apenas mais um numa longa sucessão de hair movies, se bem que, com a vantagem da antiguidade que ainda o torna, ligeiramente superior a muitos que se lhe seguiram. Ji-won interpreta uma jornalista, como convém porque à protagonista cabe sempre a ingrata tarefa de investigar uma série de acontecimentos grotescos. Mais alguém se recordou de imediato do “Ring” (1998)? Há lugar a telefones assombrados um elemento também não inteiramente estranho já que “Phone” foi o instigador original da série de filmes “One Missed Call”. Uma música associada a sarilhos? Conhecida ou pelo menos vagamente reconhecível que é para garantir que ninguém do público esquece. Céus, não sei se alguma vez o vi no cinema… À excepção de “Cello” (2005) talvez. E os elevadores, não sei o que se passa com os elevadores asiáticos mas são todos arrepiantes. As luzes apagam-se ou piscam e invariavelmente o número de ocupantes aumenta (lamento dizê-lo), de modo não tradicional. Novo flashback, desta feita apenas uns meses antes, para o filme dos irmãos Pang “The Eye”. Que aconteceu à música de elevador horrível e aos vizinhos desagradáveis com quem nunca ocorre um desbloquear de conversa excepto pelo final da viagem, assim que já não são necessários dos países ocidentais?
“Phone” é tão aborrecido como os restantes hair movies ou tão divertido como os seus congéneres. É uma questão de perspectiva na verdade. O cliente de um restaurante tendo perante si toda uma variedade de pratos só realiza o pedido do costume se ainda não está cansado de pedir sempre o mesmo. Pois “Phone” não engana ninguém, os créditos iniciais são prova disto mesmo. Apresenta exactamente aquilo que este tipo de cliente espera, com uma ou outra variação: maior ou menor quantidade, se calhar uma disposição dos ingredientes diferente mas a essência é a mesma. No máximo “Phone” é um caso de estilo mais interessante do que a substância e nesse caso como fã assumida do género nada tenho a apontar. Três estrelas.
Realização: Byeong-ki Ahn
Argumento: Byeong-ki Ahn
Ji-won Ha como Ji-won
Yu-mi Kim como Ho-jeong
Woo-jae Choi como Chang-hoon
Seo-woo Eun como Yeong-ju
Ji-yeon Choi como Jin-hie


Próximo Filme: “Ong-bak 2” (2008)

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