domingo, 8 de dezembro de 2013

"King Game" (Osama Game, 2011)


“O rei manda…” É assim que começa, uma sugestão inocente, um grupo de pessoas dispostas a cumprir os desejos. E rapidamente, a convicção, de que não podem deixar de levar o jogo até ao fim. 


Uma turma inteira recebe no telemóvel uma mensagem com uma ordem do rei. As regras são simples. Todos deverão participar. Os visados numa ordem específica têm 24 horas para a cumprir. As pessoas que não a cumprirem serão castigadas. Desistir não é uma opção. A maioria dos alunos acha que é uma brincadeira inofensiva e aguarda ansiosamente pelo dia seguinte para saber se a “ordem” é cumprida. É que, de acordo com o rei, dois estudantes terão de se beijar. Chiemi (Yurina Kumai) fica incomodada desde o início, sobretudo porque o rei incentiva a intimidade entre colegas de turma. Eles cumprem as ordens e o rei revela a sua satisfação mas o jogo ainda agora começou. As ordens tornam-se cada vez mais intrusivas e violentas e o primeiro aluno desiste. A pena? Desaparecer para sempre. E o pior é que nada podem fazer quanto a isso pois o resto da sociedade não dá pela ausência dos alunos. A solução é encontrar o rei. Será que esta turma consegue unir-se para encontrar o vilão por trás das mortes? Ou a desunião vai ditar o encontro da morte?

A estória baseia-se num romance de Nobuaki Kanazawa, que foca o jogo do “Rei Manda” levado às consequências mais extremas. Tida como uma brincadeira inocente, faz as delícias dos adolescentes em busca de emoções fortes. O problema que se coloca é quando este surge como agenda escondida de alguém com más intenções. A conformidade e o desejo de agradar aos pares fazem o resto. Os desistentes são vítimas de zombaria e/ou expostos ao ridículo. Ninguém quer parecer um fraco em frente aos amigos ou aqueles a quem pretende impressionar. Em “King’s Game” existe a mentalidade de rebanho e depois, duas ou três ovelhas negras como Chiemi e Nobuaki (Dori Sakurada) que tentam retirar sentido do jogo e tentam identificar o Rei antes que o mal se abata sobre eles. Nem todos reagem como eles, entre o desistir de lutar pela vida e baralhar os dados de modo a que outros tomem o seu lugar, aos poucos vão revelando a sua verdadeira face, confrontados com uma situação de perigo iminente. “King’s Game” perde a parada mal começa o jogo, a narrativa investe nos ídolos que interpretam os papéis principais, diga-se de passagem com sucesso, mas escusa-se a penetrar na psique do rei. Quando os alunos começam a realizar as perguntas importantes já grande parte está condenada. Porque é que alguém faria aquilo? Porquê eles? Porquê naquele momento? Há insinuações de quem poderá ser o rei apenas não creio que as sugestões fossem necessárias. Elas são tão óbvias que é demasiado fácil chegar à conclusão que “aquela” pessoa não pode ser. A maioria das personagens possui atributos que permite a sua distinção. É talvez um pouco enervante que alguns dos alunos apostem em prejudicar o próximo para sua própria protecção sem qualquer transição. De melhores amigos a inimigos em minutos. A gravidade dos acontecimentos implica uma reflexão que o argumento não demonstra ainda que se trate de adolescentes dramáticos eque dão prioridade em primeiro lugar às relações com os pares.

A este filme com uns meros 82 minutos, faltou coragem. O desfecho nada tem de desafiante. “King’s Game” pouco tem de crítica social e muito de atracção. A turma deve ser a mais atraente que já alguma vez vi. Praticamente não há alunos feios. E a liderar este grupo estão duas jovens oriundas de grupos de jpop que certamente não precisavam de puxar dos galões dramáticos pois a sua presença na cena musical japonesa já lhes confere uma legião de fãs à partida. Os argumentistas não souberam trabalhar além de um elenco jovem, bonito e um jogo conhecido um pouco por todo o mundo… Um desperdício. Duas estrelas e meia.

Realização: Norio Tsuruta
Argumento: Nobuaki Kanazawa e Jun’ya Kato
Yurina Kumai como Chiemi
Dori Sakurada como Nobuaki
Airi Suzuki como Maria Iwamura

Próximo Filme: V/H/S, 2012

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