quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Pocong Rumah Angker, 2010

Sugestão: Saltem o trailer e passem directamente à visualização com legendas em inglês no youtube

Se não existir mais nenhuma característica redentora da generalidade do cinema de terror indonésio, que ao menos se aprecie a inocência. Quando se valorizam as narrativas ultra-complexas que redundam em estórias absurdas (ainda que tenhamos relutância admiti-lo), há que dar espaço às falsas narrativas que não são mais que uma sucessão de eventos repetidos, num movimento circular com enfoque nos corpos dos intervenientes, no gag que puxa a gargalhada e enfim, no terror.
Zak e Pung são dois rapazes desmiolados que decidem realizar filmagens durante a noite (óbvio!) na casa assombrada local para o jornal da escola. Haverá algo mais emocionante que uma casa assombrada? (Não respondam). Estes estarolas, com pouco ou nenhum jeito para seduzir o género feminino conseguem atrair as colegas de turma Joanna e Debbie para o seu projecto e não tarda, todos se vêem alvo de manifestações sobrenaturais. Pocong Rumah Angker não deixa nada para a imaginação e significa literalmente, pocong (fantasma enrolado num sudário) numa casa assombrada. Por isso, não é de estranhar que ao fim de segundos tenhamos a primeira aparição que surge sob a forma de uma bailarina de Jaipong, de um pocong e ainda anciões versados na arte de combater as trevas. Para aqueles lados há imensos peritos em combater aparições inesperadas. Não se preocupem. “O que foi retirado deve ser devolvido” e só assim terá “descanso eterno” e coisas que tais. Mais fácil de falar do que fazer com uma trupe que tem como cabecilha Zak, que desconfio, empresta mais de si ao papel do que conseguiu descarnar a sua personagem. Pocong Rumah Angker é “Zakocêntrico”, disso não restam dúvidas. A personagem confunde-se com o actor com o mesmo nome e aproveita para qualquer oportunidade para improvisar dando lugar a cenas involuntariamente engraçadas pois, enquanto Zak dispara falas de cabeça, os restantes actores tentam desesperadamente manter-se nas personagens. Não faço ideia o que passou pela cabeça do realizador, se deu instruções para os actores seguirem o “show de Zak” ou se acreditou na magia em directo e deixou a película rolar. Uma aposta arriscada se querem que vos diga pois com 77 minutos de duração, não há muito sumo para se espremer. Surpreendente é o número de piadas sexuais e alusões homoeróticas, para bem da comédia claro, num país que se crê muito conservador. Existe de tudo, desde piadas com testículos e erecções à possibilidade de ósculos entre homens e partilha de cama… Enfim, tudo o que se podia esperar do cinema coreano e das comédias sexuais americanas, à la “American Pie” (1999), que se encontram atualmente num estado comatoso.
Diz que Pocong Rumah Angker é de terror e é aí que os problemas se agravam. Desde o início que a assombração é posta a descoberto e, além de uma ocasional aparição não se pode dizer que os fantasmas sejam muito assustadores. A maquilhagem horrenda assemelha-se a um disfarce de Halloween que correu mal. Já para não mencionar o styling exactamente igual ao de filmes anteriores. Ora, onde é que já vimos mulheres de cabelos desgrenhados com aparência atemorizante? A verdadeira tragédia reside no não aproveitamento da única ideia criativa que poderia elevar Pocong Rumah Angker a um patamar superior. Por momentos, há um laivo de reflexão, de tragédia escondida que poderia impactar em definitivo os nossos tontos personagens e depois, demasiado rápido, desaparece, para dar lugar aos pocong, aos kuntilanak (espíritos), às casas assombradas, num eterno movimento circular. Que ninguém diga que os espectadores não gostam de previsibilidade. Uma estrela e meia.

Realização: Koya Pagayo
Argumento: Ery Sofid
Zaky Zimah como Zaky
Donita como Joanna
Pamella Bowie como Debbie
Krisna Patra como Ipung
Radith

Próximo Filme: “Dead Sushi” (Deddo Sushi, 2012)

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