domingo, 30 de março de 2014

"The Tower" (Tae-woo, 2012)



Em 1974 “The Towering Inferno” explodia nos ecrãs americanos e suscitava a curiosidade mórbida de audiências que experienciavam um dos grandes e primeiros filmes catástrofe da história do cinema. Em 2012 “The Tower” repete a fórmula de catástrofe e drama humano a rodos, com iguais resultados, na Coreia do Sul.

É véspera de Natal e o senhor Jo (Cha In-pyo), empresário megalómano dono de duas torres gémeas de 108 andares, que rasgam imponentes os céus de Seul, decide que a sua mais recente prova de exibicionismo e ostentação será brindar os habitantes dos edifícios com neve. Não há quaisquer vestígios de ocorrência do fenómeno nos boletins meteorológicos mas isso não é pormenor que o detenha. Dois helicópteros irão largar neve artificial do topo dos edifícios, ao seu sinal, contra todas indicações de rajadas de vento, vindas de pessoas bem mais sensatas que ele. Entretanto, prossegue a vida quotidiana nas torres, sendo apresentada a panóplia de heróis improváveis que irão enfrentar em breve, a prova mais dura das suas vidas. Dae-ho (Sang-kyung Kim) é o gestor altamente eficiente das torres mas que é incapaz de revelar os seus sentimentos por Yoon-hee (Yi-jin Son) a encarregada do restaurante VIP que também demonstra uma óbvia atracção por ele. Em cena entra Ha-na (Mi-na Cho), a filha de Dae-ho, demasiada esperta para a idade que os vai auxiliar a revelar aquilo que sentem um pelo outro. Nunca parece um processo mesquinho quando é despoletado por uma criança não é? Em simultâneo o Capitão dos bombeiros Young-ki (Kyung-gu Sol) prepara-se para usufruir da primeira folga em muito tempo e o jovem Seon Woo (Ji-han Do) apresenta-se para o primeiro dia de trabalho e aquele que será um baptismo de fogo… literalmente.

Passa-se uma boa meia hora depois das primeiras apresentações e inúmeras imagens de tirar a respiração das torres e paisagem adjacente a demonstrar porque aquela é uma catástrofe à espera de acontecer: a festa de natal tão ou mais importante que a segurança que faz os seus encarregados esquecer as suas responsabilidades, a indiferença desconcertante do dono das Torres perante regras básicas de protecção dos seus inquilinos e as inúmeras falhas de concepção na construção e sistemas desenhados para combater, sei lá, incêndios que consumam os edifícios por inteiro! Então, da forma mais previsível que se possa imaginar, já que a catástrofe foi sendo desenhada a par e passo, para até os menos perspicazes compreenderem o que se está a desenrolar à frente dos seus olhos, os helicópteros colidem contra as torres que irrompem num mar de chamas. Os residentes entram em pânico, os irresponsáveis tentam escapulir-se e heróis nascem. Podem esperar manifestações românticas melodramáticas, salvamentos impossíveis e cenas envolvendo a cristandade mais cómica de que há memória. Sim, uma pessoa tem a certeza que está a visionar um filme sul-coreano quando os momentos mais divertidos são proporcionados por um grupo de devotos cristãos.

“The Tower” carrega todos os pontos de pressão conhecidos, a sugestão de crianças em perigo, a ideia de amores nunca consumados, a morte de pessoas cujo mero aparecimento no ecrã causam boa disposição são mais do que suficientes para nos colocar numa pilha de nervos. Estes momentos, intermediados por chamas e fumos rápidos, furiosos e imperdoáveis, explosões e desabamentos, propiciam cenas de grande tensão que são depois estendidas até ao limite do razoável de modo a garantir que é impossível abandonar o visionamento do filme. Com um orçamento diminuto para os padrões de Hollywood, “The Tower” é um empreendimento notável e, em nada inferior aos filmes catástrofe da congénere americana. Com um argumento tão fraco quanto o filme mediano do género, revela ao menos um elenco sólido com muito mais do que dois ou três actores agradáveis à vista e capazes de verter um rio de lágrimas se solicitado. O apelo emocional é em tudo similar, com um punhado de personagens entre o simpático e o divertido a perecer mas segue as regras do jogo. Em alguma altura a audiência teria de se entristecer com um ou dois danos colaterais de personagens que ficaram a conhecer um pouco melhor para em seguir estremecerem com um salvamento tal, que minutos depois já se esqueceram do que aconteceu. A mais pura demonstração de domínio das artes do espectáculo visual combinada com o drama sacarino dominado por um vasto elenco não são uma novidade mas quem disse que para entreter era preciso modificar alguma coisa? Três estrelas.


O melhor:
- A sucessão de indícios de catástrofe iminente
- O elenco
- Os efeitos especiais
- O grupo de devotos cristãos

O pior:
- Personagens unidimensionais
- Cenas que se arrasssssssssssstammmmmmmmmmmmmm
- Os gritos. Meu Deus! Os gritos!
- A implausibilidade de algumas situações. (Sei que é um filme-catástrofe mas ainda assim…)

Realização: Ji-hoon Kim
Argumento: Sang-don Kim e Jun-seok Heo
Kyung-gu Sol como Capitão Young-ki Kang
Sang-kyung Kim como Dae-ho Lee
Ye-jin Son como Yoon-hee Seo
In-kwon Kim  como Sargento Byung-man Oh
Ji-han Do  como Seon-woo Lee
Min-ah Jo como Ha-na Lee

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